Sonho que Viveu e Vive no Meu Coração – Tati Machado & Bruno Monteiro

Há sonhos que não chegam a tocar o mundo, mas deixam marcas profundas em quem os carrega. A perda gestacional é um desses momentos que a vida nos impõe sem explicação um adeus que acontece antes mesmo do olá. Um luto invisível para muitos, mas imenso para quem o sente, este luto parental que tem sido vivenciado recentemente por Tati Machado e seu esposo Bruno Monteiro.

Sonho que viveu e viverá no coração “Quando soube que havia uma vida, o mundo mudou. Cada batida do coração ecoava com mais esperança, já imaginava seu rostinho, seu nome, os primeiros passos, as primeiras palavras, já era amor, já era vida. Era um sonho crescendo em silêncio dentro do ventre, mas gritando alegria dentro da minha alma. E então, sem aviso, tudo parou. O que era esperança virou silêncio, o que era plano virou saudade, e o que era vida virou memória, e eu fiquei com os braços vazios, mas o coração cheio de algo que ninguém pode ver: um amor que não teve tempo de acontecer, mas que nunca deixará de existir”.
Falar sobre isso não é fácil, a perda gestacional muitas vezes é silenciada, envolta em culpa, em medo, em uma dor que parece não ter nome, contudo precisa ser dita, acolhida, aquele pequeno ser, que viveu por tão pouco tempo e existirá profundamente no meu coração. Não importa se foi cedo demais, e Foi! E por ter sido, já mudou tudo. Você me transformou, me ensinou sobre fragilidade, sobre força, sobre um tipo de amor que ultrapassa a presença física. Você me ensinou que há sonhos que, mesmo interrompidos, jamais deixam de ser parte de quem somos. Sua dor é válida e seu amor é eterno e seu bebê, mesmo que nunca tenha aberto os olhos para este mundo, vive no mais íntimo do seu ser, na lembrança sagrada de um sonho que foi real.

A perda gestacional carrega consigo um tipo de silêncio que machuca, é um luto muitas vezes solitário, sem flores, sem despedida, sem rituais. Porque o mundo lá fora continua, enquanto dentro de nós, tudo parece ter parado. E o que dizer para uma mãe que perdeu alguém que ninguém conheceu? Como explicar uma dor que não se vê nos olhos dos outros, mas que grita dentro da alma? É como se esperassem que superássemos rápido, como se fosse “só um começo”, “só algumas semanas”,  nós sabemos: nunca foi só, era tudo!

O corpo sofre, sim, todavia é o coração que sangra em silêncio. Cada data esperada agora dói, a data provável do parto, o ultrassom que não aconteceu, o nome que ficou guardado em segredo. Há uma vida inteira que foi sonhada em tão pouco tempo. E quando esse sonho se vai, algo em nós se desfaz junto. Ainda assim… há beleza, há força, há um amor que, mesmo na dor, se recusa a desaparecer. A maternidade, mesmo interrompida, é real. Você foi e sempre será mãe daquele pequeno ser. Você o protegeu, o carregou, o amou com todo o seu ser e isso não pode ser apagado. Seu bebê existiu, mesmo que apenas dentro de você. Existiu em cada esperança, em cada plano, em cada batida de amor.

E a verdade é que você não precisa esquecer. Não precisa “seguir em frente” como se nada tivesse acontecido, você pode seguir com essa memória e continuar a viver com esse amor que ficou. Porque ele é parte de você agora e sempre será. Não há um tempo certo para parar de sentir, não há uma maneira correta de viver esse luto, entretanto há espaço. Há acolhimento,  Há outras vozes, como a minha aqui, dizendo: eu te entendo, você não está sozinha. Se você quiser chorar, chore! se quiser falar, fale! E se hoje só conseguir respirar, que seja suficiente. Cada pequena ação já é um passo, porque viver depois de uma perda é um ato de coragem diária.

E um dia, mesmo sem esquecer, mesmo com saudade, talvez você consiga olhar para o céu ou para dentro do seu próprio peito e sorrir. Porque saberá que aquele sonho que viveu no seu coração ainda está ali, não como dor, mas como amor eterno.

Este texto é uma forma de deixar registrado nosso carinho e abraço a Tati Machado e ao Bruno Monteiro mesmo que de longe e todas as mães e familiares e cada vida que partiu cedo demais, a cada mãe que amou sem ver, a cada coração que carrega o sonho que não precisam nascer para serem eternos. Eles apenas vivem… no coração.”

Com carinho 

Thais Raineri

 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *